O Assassino Nudista

""ENQUANTO O CARRO rolava suave e monotonamente através da noite, o homem instalado no banco traseiro encontrava cada vez mais dificuldade em manter os olhos abertos. Já estava sentado dentro daquele automóvel havia algum tempo e, antes disso, tivera um dia bem mais longo e cansativo do que lhe era habitual. Por fim, esgotado, abandonara-se ao luxo de não se preocupar mais com o que o rodeava; permitira, em resumo, que as muitas coisas que tinha na mente se juntassem, e sobrepusessem umas sobre as outras, enquanto repousava a cabeça, encostado para trás. Em seguida, apesar de uma certa irregularidade no piso da estrada, ficou imóvel, fechou os olhos e começou a dormitar.

O motorista observara-o muito atentamente durante os últimos minutos. O espelho retrovisor permitia-lhe fazê-lo com a maior das facilidades; bastara-lhe mudar ligeiramente a posição do espelho e fizera-o sem que o passageiro o notasse. Pouco depois, talvez alguns segundos mais tarde, tornou-se perfeitamente óbvio que o exausto homem não estava apenas dormitando. Tinha a boca aberta e emitia um ruído assaz sonoro de cada vez que enchia e esvaziava o peito de ar.""